olhos de cigana oblíqua e dissimulada
Análise de Capitu inserida na obra de M. de Assis
Fonte: “o enigma de Capitu” jornal O GLOBO, 8 de setembro de 2008
VICTORIA LACERDA 2 EMA
Professores: Angela Kim Arahata e Nilson Joaquim da Silva
Terceiro trimestre- Língua Portuguesa- 25/9/2014
“—Juro. Deixe ver os olhos, Capitu.
Tinha lembrado a definição que José Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada.’ Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas” (Dom Casmurro, Machado de Assis, 1899)
Maria Capitolina Santiago (Capitu, como é conhecida), é uma personagem do livro Dom Casmurro de Machado de Assis (1839-1908), publicado em 1899.
No romance machadiano, protagonizado pelo casal ( Capitu e Bentinho) o narrador constrói uma narrativa ambígua por natureza, fazendo com que o leitor ora duvide, ora acredite na inocência de Capitu, acusada de adultério pelo marido, ex-seminarista e advogado. O sacerdote e o jurisconsulto se unem para condenar a esposa, num tribunal de provas refutáveis e inconsistentes. O veredicto final fica por conta do leitor, mas é o próprio acusador que a absolve, na mesma medida que a condena: "Capitu era mais mulher do que eu homem". De fato, a grandeza de Capitu nos seduz e se torna um exemplo de força, coragem, audácia em pleno século XIX. Ainda está para nascer quem escreverá uma obra realista, com uma heroína e protagonista com traços tão românticos quanto Capitu, com uma personalidade tão comovente, e com um olhar tão cativante que, conforme descrito por Bentinho, “Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava pra dentro, com a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca”.
Capitu, diferente de heroínas românticas, como por exemplo Berta (Til, José de Alencar), era mulher de verdade;