olga benario resenha

Quem vai ao cinema quer assistir a filme e não a mais uma novela que costumamos ver em casa. Nos quesitos técnicos, Olga merece elogios. Primeiro, por ser uma produção legitimamente brasileira, com dinheiro captado aqui, locações e equipe técnica nacionais. Segundo, pelo cuidado primoroso na reconstituição de época feita pela diretora de arte Tiza de Oliveira, que aproveitou a arquitetura de ambientes do Rio de Janeiro para retratar cenários tão diferentes quanto a Alemanha nazista, a antiga União Soviética ou o Brasil da década de 30. As filmagens do campo de concentração onde Olga ficou presa foram todas feitas numa antiga fábrica têxtil no bairro de Bangu. Para dar o efeito de que estava nevando, foi preciso espalhar no chão cerca de 2 mil sacos de sal grosso, além de spray e isopor picado. A plasticidade visual do filme caminha delicadamente com a fotografia de Ricardo Della Rosa, que trabalha uma unidade monocromática intimista, com tons cinzas e marrons, em contraponto aos olhos grandes e azuis de Camila Morgado como Olga.

Aliás, a atriz merece aplausos calorosos pela interpretação da personagem-título. É incrível como Morgado assume a personalidade forte da militante, que, nos momentos cruciais, deixa vazar uma certa fragilidade que é própria do ser humano. A atuação de Caco Ciocler também surpreende ao desconstruir o mito de herói que há por trás da figura de Luís Carlos Prestes. Com o tom de voz baixo e a economia nos sorrisos, Ciocler atinge o ar reservado e tímido de Prestes, cuja força estava na grandeza enquanto homem de ideais supremos. Ainda no elenco, vale a pena notar as participações de Fernanda Montenegro, como a mãe de Prestes (dona Leocádia), e Osmar Prado como Getúlio Vargas.

A história de Olga Benario é tão romântica que parece inventada a jovem judia de família burguesa, a alemã Olga vira agente soviética, vem ao Brasil como guarda-costas do líder comunista Luís Carlos Prestes, participa com ele do frustrado levante de 35, é