Odontologia
Ao longo da vida, as superfícies de interface do corpo são expostas à colonização por uma grande variedade de microrganismos. No entanto, a renovação constante das superfícies por descamação previne o acúmulo de grandes quantidades destes. Na cavidade oral, entretanto, os dentes apresentam uma superfície dura não descamativa que favorece o desenvolvimento de grandes depósitos bacterianos (LANG; MOMBELLI; ATTSTROM, 2005).
O conhecimento sobre a placa dental evoluiu significativamente desde a sua primeira observação, por van Leewenhoek, em 1684, quando descrita apenas como animálculos raspados da língua e da superfície dos dentes. Modernamente, a placa dental é reconhecida como um biofilme verdadeiro, ou seja, uma comunidade microbiana associada a qualquer material duro não-descamativo. Na natureza existem inúmeros biofilmes distintos. Por exemplo, biofilmes microbianos estão implicados na redução da vazão de tubulações das redes de água e esgoto e na contaminação e disseminação de infecções por microrganismos formadores dos biofilmes de cateteres e tubulações de equipamentos médicos e odontológicos. A placa dental é possivelmente o biofilme mais estudado, sendo importante no desenvolvimento das principais patologias bucais: a cárie dental e as doenças periodontais.
Em se tratando da cavidade bucal, o biofilme é composto por bactérias em polímeros extracelulares de origem bacteriana e produtos do exsudado gengival e/ou saliva. Sua parte orgânica é formada por polissacarídeos bacterianos (glucanos, frutano e heteropolissacarídeos) e, em muito menor proporção, por proteínas, glicoproteínas, lipídios e sais derivados da saliva e da dieta do hospedeiro. Seus principais componentes inorgânicos são íons cálcio, fosfato, sódio, potássio e flúor, provenientes da saliva e do fluido gengival. O biofilme pode se formar sobre os dentes ou outras estruturas bucais sólidas, tais como próteses, aparelhos ortodônticos, restaurações, superfícies de implantes ou