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2601 palavras
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O desenho, a modelagem e o diálogoArtur Rozestraten
Artur Rozestraten é arquiteto e urbanista (FAUUSP, 1995);
Doutorando no Depto de História da Arquitetura e Estética do Projeto
(FAUUSP). Professor no curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário Moura Lacerda em Ribeirão Preto, SP
Fonte: VITRUVIUS – ARQUITEXTO 078 – Texto Especial 382 - novembro 2006.
M.C. Escher comentou certa vez que o desenho lhe permitia comunicar “imagens de pensamento” impossíveis de serem traduzidas em palavras (1). A comunicação desses pensamentos exigia uma visibilidade, uma imagem, um grafismo que o desenho poderia auxiliar a criar.
M.C. Escher, Escadaria, 1951
El Lissitzky costumava dizer que Gerrit Rietveld não era um estudioso da arquitetura, mas
“um carpinteiro que só sabia desenhar planos de uma maneira rudimentar. Trabalha com
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maquetes, sentindo a casa com suas mão, por isso seu produto não é abstrato”. Seu produto é concreto, sensível, como a casa Schroder (2).
Nesses comentários, desenho e modelagem colocam-se como meio de diálogo entre as
“imagens de pensamento” – formas mentais, internas – e as imagens visuais – formas materiais, externas – que poderiam ser percebidas (vistas, tateadas, percorridas) pelo próprio autor e também por outras pessoas.
Não se trata de uma simples tradução, exteriorização ou materialização de uma imagem mental preexistente. Afinal a concepção da forma sensível não poderia preceder a sua execução ou fatura, posto que o processo formativo é, necessariamente, a gênese de sua materialidade (3). Ou seja, o ato de desenhar ou modelar é indistinto da criação, e como tal é aberto: sujeito a críticas, revisões e alterações.
Desde que a computação gráfica trouxe à tona o debate sobre os novos meios de representação da arquitetura há um esforço pedagógico para investigar novas maneiras de relacionar os meios tradicionais com os meios eletrônicos dialeticamente. Esse esforço, cada vez mais, aponta a necessidade de interações
complementares