Como conceitua Octavio Ianni neste livro, dois marcos cronológicos e políticos delimitam as aceleradas transformações ora em curso na sociedade mundial: o início da chamada Guerra Frio (1946) e a queda do Muro de Berlim (1989). Acompanhadas de perto pela mídia, a ampla cobertura destes eventos exerceu uma espécie de feedback que aprofundou contradições internas nos dois blocos e levou a níveis ainda mais ousados de renovação e modernização, que hoje se estendem por todos os quadrantes.A Guerra Fria foi liquidada de baixo para cima: em contrapartida, a ruptura do bloco socialista se deu de dentro para fora. Na aparência, o capitalismo foi o grande vencedor no cenário da política internacional, mas ele sofre também um processo de divergência e contradições internas e externas (entre os Estados Unidos e a Comunidade Européia, assim como entre eles e o João, por exemplo) que torna sua estrutura instável.Tudo aponta para uma globalização da economia, uma equalização de interesses em choque, mas o processo de redisposição de camadas sócio-econômicas nacionais e a busca de acordos internacionais ainda gerarão variados terremotos, pois o término de um ciclo de lutas sociais dá início imediato a outro. Aquilo que outrora ocorria no âmago da sociedade capitalista se transformará em uma luta de classes no plano global, que será acompanhada e acelerada pela mídia, pois, ao contrário do que pensam certos observadores, um dos efeitos da revolução tecnológica telecomunicativa é o desenvolvimento de consciência crítica, como bem o demonstram o repúdio à Guerra do Vietnã pelo próprio povo americano, assim como a derrocada dos anti-reformistas russo, em Agosto de 1991.“Agora tudo e todos se acham mais atrelados e ativos na máquina do mundo: indivíduo e sociedade, grupo e classe, etnia e minoria, movimento social, partido político e corrente de opinião pública, ideologia e utopia” diz o