Obra da escravidao
Há muito o que se dizer de uma sociedade cuja atividade economica mais estável foi o trafico negreiro. Durante quase quatro séculos, o Brasil importou 4 milhoes de escravos africanos, correspondente a quase metade de toda a importação nas Américas. A escravidão gerou um meio de sociabilidade no país, que pode ser visto até hoje em nossa sociedade patriarcal.
A escravidão gerou profundas marcas no Brasil. Desde a sua colonização, todo mundo queria ser senhor, e para isso se precisavam de escravos. Mais de quinhentos anos depois, a situação não é tão diferente. Do mesmo modo em que a história da escravidão é marcada pela desigualdade, esta ainda exerce papel determinante em nossa sociedade atual. O mito da "democracia racial" fica evidente quando constatamos que negros ainda são menos remunerados que brancos, ou então estão em menor número nas universidades. Num país que por séculos tratou pessoas como mercadoria e criou um padrão de relações sociais em cima disso, isto não é nenhuma surpresa.
Nossa sociedade foi fundada a partir da escravidão. Após sua abolição, em 1888, os negros foram libertos, porém nenhuma medida foi tomada para integrá-los. Foram deixados à margem, enquanto ao mesmo tempo o incentivo à imigração trazia cada vez mais europeus para o Brasil, num projeto de branqueamento. Ser desigual era essencial, já que somente assim os brancos podiam se considerar superiores. Tal noção de hierarquia ainda existe, como no episódio que ocorreu no início de 2014. Um menino, negro, ao ser confundido (não por acaso) com um ladrão, foi preso a um poste. Sua liberdade e seus direitos humanos foram violados. Porém, 126 anos após abolirem a escravidão, o menino respondeu ao branco que o acusava: "eu não, meu senhor", como um escravo se dirigindo ao senhor do engenho.
A escravidão deixou um grande legado de pobreza e, principalmente, exclusão. Há evidencias disso em todos os lugares, seja com denuncias de trabalho