Nuclear para além das usinas
Introdução
Minha ideia inicial era falar de usinas nucleares e do acidente no Japão. Mas, já pipocaram tantas reportagens, imagens e infográficos na mídia que eu mudei de ideia. Afinal, um infográfico hoje vale mais que mil palavras! (falando nisso, esse infográfico [3] está bem legal).
O acidente nas usinas japonesas alimenta dois opostos: o medo e a curiosidade sobre fenômenos e tecnologias nucleares. Uma aplicação bem interessante da energia nuclear, que não tem sido divulgada nesse “boom” de informações, é na exploração aeroespacial. Pois é! O tal calor de decaimento, vilão no caso japonês, aparece como o protagonista bonzinho nos chamados GERADORES TERMOELÉTRICOS POR RADIOISÓTOPOS (radioisotope thermoelectric generator – RTG [1]). Os RTGs têm fornecido energia elétrica para uma variedade de naves e sondas espaciais, como veremos a seguir.
Bom, vamos começar do começo! Lembrando das aulas de química do colégio, o NÚCLEO dos elementos químicos (aqueles da tabela periódica) é formado por PRÓTONS (partículas carregadas positivamente) e por NÊUTRONS (partículas sem carga). O que diferencia um elemento químico do outro é basicamente o número de prótons. Podem existir elementos com mesmo número de prótons, mas com números de nêutrons diferentes. Tais elementos são chamados de ISÓTOPOS. Como exemplo de iśótopos, podemos citar o Hidrogênio (1 próton e 0 nêutron), o Deutério (1 próton e 1 nêutron) e o Trítio (1 próton e 2 nêutrons).
Ok, mas e os radioisótopos? RADIOISÓTOPOS são isótopos radioativos, isto é, elementos químicos que emitem radiação na forma de partículas alpha (núcleos de Hélio), beta (elétrons ou pósitrons) e radiação gamma (fótons com energias muito altas). Eles emitem radiação porque seus núcleos – o conjunto de prótons e nêutrons – não estão em uma configuração estável: emitindo a radiação, os prótons e nêutrons se reorganizam tentando alcançar posições mais estáveis. Essa radiação emitida pelos radioisótopos