nota de leitura 3
O materialista Feuerbach recalcava, por exemplo, o seguinte na década de 1830: “O ser humano é o que come”; ou, como se diz num refrão alemão “A roupa faz as pessoas”. Não obstante, ao conto titulado “ O traje novo do imperador” mostra que a mera evocação da palavra sobre uns trajes bonitos em pessoas de alta categoria social pode enganar-nos totalmente em relação à sua ausência. Por sua vez, o consumidor como figura histórica independente ao lado do produtor, apareceu no discurso público da Alemanha sobretudo na Primeira Guerra Mundial. É certo que os contemporâneos tinham falado já antes de clientes e entusiastas das compras que fluíam as lojas e os grandes armazéns. O conceito de consumidor referia se sobretudo aos consumidores das cidades. A denominação surgiu, precisamente, quando a imensa maioria da população urbana teve de fornecer se dos produtos oferecidos no mercado; no auto abastecimento e as ideias de autarquia se haviam convertido, portanto, é um fenómeno meramente marginal. Numa época de excessiva escassez de recursos alimentares, o comportamento dos consumidores, sobretudo a sua capacidade de renunciar, era fundamental para as atividades bélicas, por isso foram objeto da atenção das autoridades do Estado e da opinião pública. Ainda que no século XX se prestou muita atenção ao consumo, o interesse por o consumidor foi muito mais escasso. Por um lado o sociólogo francês Jean Baudrillard aludiu à vinculação entre o consumo e a criação de sentido e deduziu que os bens transmitem também valores, de modo que o individuo, os grupos e as classes sociais podem demonstrar e constituir assim mesmo a sua existência mediante a posse de produtos. Enquanto isso, Pierre Bourdieu fez ênfase, onde as diferenças sociais podiam se seguir expressando na diversidade da posição e no uso de bens de consumo, segundo deduziu Bourdieu baseando se no exemplo da sociedade francesa. O acesso à posse de bens de consumo abriu-se socialmente no século XX mais do que