Ninguém segura a lingua

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Ninguém segura a língua
Carlos Alberto Faraco
Analisar cientificamente uma língua não é nada fácil. Os lingüistas, que são os profissionais que se dedicam a essa tarefa, sabem disso muito bem, porque deparam o tempo todo com as inesgotáveis complexidades estruturais e funcionais da língua.
Para se ter uma idéia, basta lembrar que qualquer língua é uma realidade estrutural infinita. Entendamos bem isso: o número de sons da fala de que se serve uma língua é finito (em torno de três dezenas). O número de suas palavras (ainda que imenso) é finito (calcula-se que uma língua como o português tem algo em torno de meio milhão de palavras). O número de regras com as quais organizamos os enunciados é também finito (embora não tenhamos ainda idéia clara de sua quantidade). Apesar disso tudo, o número de enunciados possíveis numa língua qualquer é infinito.
Há um dizer clássico entre os lingüistas que resume bem essa propriedade das línguas humanas: a língua faz uso infinito de meios finitos. Até onde vai nosso conhecimento, nenhuma outra espécie animal dispõe de um sistema semiótico infinito como nós humanos.
Variações sobre o tema
Poderíamos supor que, sendo finitos os meios estruturais, bastaria que eles fossem descritos para alcançarmos uma apresentação científica completa de uma língua.
No entanto, as coisas não são tão simples assim. Primeiro, porque a língua não se esgota em sua estrutura. Para analisá-la adequadamente, temos de considerar também seu funcionamento social.
Segundo, porque nenhuma língua é uma estrutura homogênea e uniforme.
Qualquer língua se multiplica em inúmeras variedades a tal ponto que muitos chegam a dizer que atrás de um nome - português, por exemplo – se escondem, de fato, muitas
"línguas".
Trata-se aqui, por exemplo, de variedades geográficas (os chamados dialetos), sociais (os dialetos urbanos e rurais, os jargões profissionais, as gírias, os registros e gêneros próprios de cada atividade humana) e estilísticas

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