Nilson lage
Resumo: Este texto expõe a situação atual e a perspectiva a curto e médio prazo que se oferece aos veículos impressos – aos jornais particularmente – diante da evolução tecnológica e de suas conseqüências. Sugerem-se estratégias para redimensionar o mercado futuro de tais publicações, delimitando e especificando melhor o público-alvo.
Palavras-chaves: Jornais – Tecnologias da informação e da comunicação –
Estratégias de edição e publicação.
Jornais e magazines experimentam, há décadas, crises mal definidas, mal compreendidas e diante das quais o peso da tradição, o conservadorismo, a pressão das hipóteses tomadas como verdade (a teoria da cultura de massa, principalmente), a arrogância e o imediatismo dos homens de marketing e a crença dogmática no próprio discurso têm impedido respostas mais lúcidas.
A media costuma ser concebida como entidade única – abordagem retórica, que não corresponde a qualquer realidade objetiva. Os veículos dirigem-se a frações diferenciadas da população e operam com linguagens distintas; sociedades complexas não podem, em tempos normais, ser reduzidas à uniformidade da argila, que o oleiro molda com as mãos.
As linhas editoriais (temática e abordagem) são definidas por um mixing de viabilidade operacional, de presunção quanto ao que o seu público quer ou precisa saber, e de interesses definidos pelo Estado, por grupos de pressão, financiadores, anunciantes e a elite cultural.
Não existe, portanto, a entidade media. O que existe é um gênero de produto – a informação – cada vez mais importante no mundo contemporâneo, e um conjunto de tecnologias, a que correspondem linguagens distintas.
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