Nietzsche
- Meu amigo está se preparando para se suicidar. Sua morte traria graves conseqüências para mim, para o senhor, o mundo todo.
- Quem é esse seu amigo?
- O filósofo Friedrich Nietzsche.
- Nietzsche? Devo saber quem é? - Ainda não, mas na hora certa todos saberão quem ele é.
Tenho um novo paciente. Ainda não o conheço. Tendências suicidas. Como sempre, começa com uma mulher.
Tenho fases negras, mas quem não os tem? Elas não me dominam.
Tento dizer em 10 frases o que outros dizem no livro inteiro.
- Deixei de lecionar. Não tenho casa para cuidar nem esposa com a qual discutir... nem filhos para educar. Não tenho obrigações para com ninguém. Não sofro de estresse. - Isolamento extremo... é o próprio estresse.
- Sabe, parte de mim tem esperança que ao ajudar... esta bizarra criatura a superar a dor... eu possa superar a minha própria.
- Superar sua dor? Todos os médicos de Viena o invejam. - Sentimos coisas aos 40... que não podemos saber aos 25.
Quero lhe fazer uma proposta, Professor. Talvez jamais feita antes por um médico a seu paciente. Proponho uma troca profissional. Por um mês... tratarei seu corpo... se você tratar minha mente.
- Minha mente está invadida por pensamentos hostis. Perdi noção de por que estou vivo. Tenho horror à morte, mas... com freqüência penso em dar fim à vida.
- Não posso ajudá-lo nisso. Não tenho treinamento para tal. - E quem tem? Tal cura não faz parte das disciplinas médicas.
- O que sei eu disto?
- Sabe mais do que qualquer homem vivo. Seus livros não são verdadeiros tratados sobre o desespero?
- Não posso curar desespero. Só sei como suportá-lo.
- Então me ensine como suportar uma vida de desespero. Você escreve que sua missão é salvar a humanidade... da ilusão e da falta de sentido... para criar um novo código de comportamento... uma nova moral, livre de crendice. Está tudo aí nos seus livros.
Sinto-me... totalmente distante da minha esposa.