Neurofisiologia e o sistema endocanabinoide

INTRODUÇÃO:

O consumo de cannabis é um assunto polêmico mesmo nos dias atuais, e no mundo acadêmico não poderia ser diferente. Apesar de vivenciarmos um momento mais permissivo, tanto para o consumo quanto para a discussão científica do uso e suas implicações, a cannabis ainda é fonte de muita divergência sobre o assunto. Ao mesmo tempo em que são produzidos conhecimentos quanto ao uso terapêutico e recreativo da cannabis, também encontramos produções científicas que focam nos efeitos nocivos de seu uso decorrente. Segundo levantamento feito em 2012 em países da união européia, a partir de meados dos anos 90 e fim dos anos 2000, o número de usuários de cannabis aumentou consideravelmente até se estabilizar por ser, dentre as drogas ilícitas a menos estigmatizada e a de mais fácil acesso. O objetivo do presente trabalho é discutir as diferentes visões quanto aos efeitos da cannabis no comportamento, passando por aspectos positivos e negativos para tentar compreender de forma multidisciplinar o fenômeno.

A CANNABIS E O SISTEMA ENDOCANABINOIDE O sistema endocanabinóide é composto por receptores, os agonistas endógenos e o aparato bioquímico relacionado responsável por sintetizar tais substâncias e, assim, exercer suas finalidades. Os receptores foram denominados de CB1 e CB2 – por conta de sua ordem de descoberta – estando ambos acoplados à proteína G. No sistema nervoso central o CB1 encontra-se basicamente nos terminais nervosos pré-sinápticos, sendo responsável pela maioria dos efeitos neurofisiológicos dos canabinóides. O receptor CB2, por sua vez, é o principal receptor encontrado no sistema imune. Os endocanabinóides são considerados neurotransmissores atípicos, uma vez que medeia a transferência das informações dos terminais pós-sinápticos aos pré-sinápticos de forma retrógrada, sendo este sintetizado sob demanda e não armazenado em vesícula, diferentemente dos neurotransmissores clássicos. Atingem de forma imediata na fenda sináptica através da