Netos do Amaral

646 palavras 3 páginas
Dominique Wolton, que volta a pensar a fragilidade da comunicação, considera que esta é mais ameaçada do que ameaçadora. O excesso de informação da nossa Era tropeça na incomunicação quando se reduz à mera troca de informações. No entanto, o Homem não vive de informações, de mensagens, mas de relações, quase sempre difíceis. Comunicar é correr um risco e é nisso que reside toda a grandeza da questão, o risco de encontrar o outro e de falhar. Comunicar é confiar no outro. Na opinião de Dominique Wolton, conseguir comunicar é hoje um dos maiores problemas da nossa vida. Todos procuramos resolvê-lo e ninguém pode ignorá-lo. A comunicação está no centro das relações pessoais, familiares, sociais, políticas e, cada vez mais, da globalização.
No entanto, é permanentemente desvalorizada, suspeita de manipulação, reduzida às lantejoulas ou ao comércio. Foram precisos séculos de combate para reconhecer a comunicação e ela só consegue ser autêntica entre indivíduos livres e iguais. Por essa razão é tão frágil e indissociável da democracia. Salvar a comunicação significa admitir que ela não se confunde com a informação, porque diz respeito à relação sempre difícil, com o outro. Comunicar significa, de qualquer modo, ir além das mensagens e das técnicas, por mais sofisticadas e sedutoras que se apresentem. Significa recordar, modestamente, a dimensão humanista da comunicação e aceitar os riscos da “incomunicação”. Significa também criticar as ideologias que a veiculam e todos aqueles que, sem vergonha, a utilizam ao mesmo tempo que a desvalorizam. Salvar a comunicação significa, finalmente, defender o ideal democrático e compreender que comunicar e coabitar faz parte dos maiores desafios de guerra e de paz do século XXI. O objetivo deste livro é, pois, dar continuidade à reflexão sobre o estatuto da comunicação em nossas sociedades e sobre seu papel na globalização. Segundo o autor, “complexa por natureza, a comunicação complicou-se

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