Netos do Amaral
No entanto, é permanentemente desvalorizada, suspeita de manipulação, reduzida às lantejoulas ou ao comércio. Foram precisos séculos de combate para reconhecer a comunicação e ela só consegue ser autêntica entre indivíduos livres e iguais. Por essa razão é tão frágil e indissociável da democracia. Salvar a comunicação significa admitir que ela não se confunde com a informação, porque diz respeito à relação sempre difícil, com o outro. Comunicar significa, de qualquer modo, ir além das mensagens e das técnicas, por mais sofisticadas e sedutoras que se apresentem. Significa recordar, modestamente, a dimensão humanista da comunicação e aceitar os riscos da “incomunicação”. Significa também criticar as ideologias que a veiculam e todos aqueles que, sem vergonha, a utilizam ao mesmo tempo que a desvalorizam. Salvar a comunicação significa, finalmente, defender o ideal democrático e compreender que comunicar e coabitar faz parte dos maiores desafios de guerra e de paz do século XXI. O objetivo deste livro é, pois, dar continuidade à reflexão sobre o estatuto da comunicação em nossas sociedades e sobre seu papel na globalização. Segundo o autor, “complexa por natureza, a comunicação complicou-se