Neoliberalismo de Keohane
Thales Leonardo de Carvalho
Segundo Robert Keohane (1984), apesar de o sistema internacional ser anárquico, tal como dito pelos autores realistas, esta anarquia não se caracterizaria pela luta de todos contra todos pela sobrevivência. Muito pelo contrário, o autor se identifica com a visão de John Locke, ao acreditar que os atores tendem a cooperar entre si enquanto estiverem neste ambiente anárquico. Isso se daria pelo fato de eles serem racionais, agindo sobre cálculos custo x benefício, visando atender seus interesses da melhor maneira possível e obter os maiores benefícios com os menores custos necessários. Os atores obteriam melhores resultados quando conseguissem conciliar seus interesses comuns (KEOHANE, 1989), e a melhor forma de atendê-los seria através da cooperação (KEOHANE, 1984). Desta forma, eles se uniriam, e formariam as chamadas instituições, visando cooperar e obter uma forma de maximização de seus interesses.
Tratam-se aqui como atores os Estados, que ainda seriam os principais no ambiente internacional, mas com o declínio da importância do poder militar, as instituições e atores não governamentais transnacionais ganharam força e, consequentemente, destaque neste contexto. Keohane define instituições como “conjuntos de regras persistentes e conectadas (formais e informais) que prescrevem padrões comportamentais, constrangem atividades e geram expectativas” (KEOHANE, 1989, p.3, tradução do autor)1.
Seriam consideradas instituições, para o autor, as organizações intergovernamentais e não-governamentais transnacionais, os regimes e as convenções (KEOHANE, 1989, p. 3 e 4). As duas primeiras seriam definidas como organizações burocráticas, com regras explícitas e atribuições específicas de regras para atores individuais ou para o grupo (KEOHANE, 1989, p.4). Nelas (e em qualquer forma de cooperação intergovernamental), a cooperação só seria possível “quando as políticas seguidas por um governo forem