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O Médico depara-se, no maior presídio da América Latina, com problemas gravíssimos: superlotação, instalações precárias, doençascomo tuberculose, leptospirose, caquexia, além de pré-epidemia de Aids. Os encarcerados lamentam, além da falta de assistência médica, de assistência jurídica. O Carandiru, com seus mais de sete mildetentos, constitui-se em grande desafio para o Doutor recém-chegado. Mas bastam alguns meses de convivência para que ele perceba algo que o transformará: mesmo vivendo situação-limite, os internos nãosão figuras demoníacas. No convívio com os presos que visitam seu improvisado consultório, o Médico testemunha solidariedade, organização e, acima de tudo, grande disposição de viver.
Oncologistafamoso, habituado à mais sofisticada tecnologia médica, o Doutor terá que praticar sua medicina à moda antiga, com estetoscópio, sensibilidade e muita conversa. O trabalho começa a apresentar resultadose o Médico ganha o respeito da coletividade. Com o respeito, vêm os segredos. As consultas vão além das doenças, pois os detentos começam a narrar histórias de vida. Os encontros na enfermariatransformam-se em "janelas" para o mundo do crime.
A narrativa do filme arma-se como um quebra-cabeça. Uma história encaixa-se na outra para formar painel realista da tragédia brasileira. Com o Médico, oespectador acompanha os movimentos cotidianos dos presos, até a eclosão - em dois de outubro de 1992 - do mais terrível abalo da história da Casa de Detenção de São Paulo: o Massacre do Carandiru”....