Nene altro - os funerais dos coelhos brancos
Cenários que não se encaixam. Era só um dia igual. *** Segui pela rua da quitanda. Suja. Cachorro magro e velho na porta. E eu odeio pombo. Símbolo da paz. Nunca estou em paz. Penso em um monge budista com o rabo entupido de anfetamina. Ele também odiaria pombo. E usaria cinta liga. Nirvana o caralho. Passo aqui todo dia. Cheira mal. Deve ser o cachorro. Café puro. O pombo da quitanda cisca no chão do bar. Rato com asa. Agindo feito galinha. O tiozinho no outro lado do balcão olha pra mim. Nove e meia da manhã. Deve ser sua terceira pinga já. Tá em conserva. Moribundo no formol. Por isso não morre. Por isso todo dia está alí. Deve ser ele que fede. Calendário de cerveja com mulher peituda. Tão bonita que deve ser um saco. Não tenho saco pra mulher assim. Sorriso branco. Peito e cerveja. TPM, dívida, reclamação. O Photoshop denuncia seu espírito. Prefiro o cachorro, o pombo e o tiozinho. E olha que eu odeio pombo. No meu café não tem mulher peituda. Mas tem um reflexo escuro. Que eu queria esquecer. *** Quando eu era criança tinha uma mulher velha que jogava um palito de fósforo