A proposta de Ernest Kantorowicz é recuperar nas tradições medieval e moderna o corpo místico que envolve a figura do rei nas cortes da Europa, em especial, a inglesa. O nome da obra, “Os Dois Corpos do Rei” - publicada pela primeira vez na altura de 1958 - refere-se fundamentalmente à característica dupla da imagem do rei, dividida entre a sua existência pública e a pessoal, e perpetuada através dos embates jurídicos, filosóficos e religiosos. o primeiro dos corpos do rei aparece enquanto seu corpo natural, sustentado nas efemeridades humanas, humilhado nos defeitos, infantilidades e apelos naturais ao homem. O segundo dos corpos, o corpo político, supera o primeiro no sentido em que é ele possuidor do poder da verdade, da decisão, da legitimidade, o que o torna necessariamente superior às instâncias naturais que, de certa forma, fazem dos homens de natureza igual. De certo modo, o corpo político revela-se possuidor de uma mistificação dogmática que o faz indiscutível e eterno. O ritual de morte do corpo natural, assim, não seria o mesmo em relação ao corpo político, para outro homem, da esfera do corpo político - hereditariamente no caso das cortes. A proposta de Ernest Kantorowicz é recuperar nas tradições medieval e moderna o corpo místico que envolve a figura do rei nas cortes da Europa, em especial, a inglesa. O nome da obra, “Os Dois Corpos do Rei” - publicada pela primeira vez na altura de 1958 - refere-se fundamentalmente à característica dupla da imagem do rei, dividida entre a sua existência pública e a pessoal, e perpetuada através dos embates jurídicos, filosóficos e religiosos. o primeiro dos corpos do rei aparece enquanto seu corpo natural, sustentado nas efemeridades humanas, humilhado nos defeitos, infantilidades e apelos naturais ao homem. O segundo dos corpos, o corpo político, supera o primeiro no sentido em que é ele possuidor do poder da verdade, da decisão, da legitimidade, o que o torna necessariamente superior às instâncias naturais