Narradores de Jave atividade
A personagem Antônio Biá, no decorrer do filme, sempre impressiona ou diverte quem o observa. Ora com frases de efeito, ora com dizeres cheios de humor. Ao dizer que “uma coisa é o fato acontecido e outra coisa é o fato escrito”, Biá tentava convencer um dos narradores de que a escrita deveria ser uma versão melhorada dos fatos vistos ou narrados. Embora a proposta fosse um texto objetivo em prosa (um dossiê científico relatando as importância do Vale do Javé) Biá não consegue se desfazer do seu “eu lírico poético”, sendo assim, sente sempre a necessidade de “florear”, enfeitar e engrandecer as histórias que ouve. Ainda para o então escritor, qualquer história deve ser melhorada na escrita para ganhar crédito. Em uma das cenas, ele mesmo chega a dizer que se o sujeito é manco, ele escreverá que é aleijado, pois isso faz parte das “regras da escrita”.
Cabe salientar que esse ponto de vista de Antônio Biá não é apenas fictício. Temos em nossa sociedade diversos textos, bastantes influentes inclusive, que vieram de tradições orais e que, por suas vezes, trazem características hiperbólicas, tal qual faz Biá. Como exemplo pode-se citar os textos bíblicos, nos quais, as linguagens conotativas e denotativas se entrelaçam para formar um discurso.
“As duas histórias têm sentido, não se pode tirar uma sem prejuízo da outra.” Tal fato ocorre em uma reunião. Biá escutava os moradores que narravam o gênesis do Vale do Javé. No entanto, cada pessoa que fazia um relato, o fazia de modo a engrandecer algum ancestral ou o passado da própria família. Havia quem defendesse “Indalécio”: um valente guerreiro que guiou seu povo que fugia da ira do rei de Portugal; de outro lado, havia também quem exaltava “Maria Dina”, mulher do já citado “Indalécio” que, enfraquecido pelas batalhas, passa a liderança para a sua amada que de fato funda o Vale do Javé. Aparece também uma versão cômica na qual o grande fundador teria