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Vir romanorum eruditissimus. Essas foram as palavras com que Quintiliano (Marcus Fabius Quintilianus, 35-95 d.C.) descreveu Varrão na sua Instituto oratoria (X, 1, 95), “o homem mais erudito dos romanos”. Não é de se espantar, já que sua importância é bem marcada por vários autores contemporâneos e posteriores a ele. Taylor (1996, p. 1-2) lista os principais. Agostinho, na sua obra De ciuitate Dei (VI, 2), lembra o grande volume de textos deixados por Varrão, usando também o superlativo para qualificá-lo: “uir doctissimus undecumque Varro, qui tam multa legit, ut aliquid ei scribere uacuisse miremur; tam multa scripsit, quam multa uix quemquam legere potuisse credamus” (“Varrão, o homem mais sábio de todos os lugares, leu tanto, que nos admiramos de que ele tivesse tempo para escrever alguma coisa; e escreveu tanto, que acreditamos que alguém dificilmente tenha conseguido ler tudo o que ele escreveu”). Cícero, a quem Varrão dedicou alguns livros da LL, o chama de πολυγραφότατοs “o mais prolífico2”. João de Salisbury (1115-1180), intelectual da Idade Média, disse que “Varrão é lembrado como um escritor que não fica abaixo de nenhum dos gregos, e Roma se acostumou a chamá-lo de pai, pois ninguém escreveu mais e melhor que ele”2 (Entheticus, 1177-79). Petrarca o chamou de “a terceira maior luz romana” (Trionfo della fama, 3,37) e Montaigne de “o mais sutil e estudioso autor latino” (Essais, 2,12).
Marco Terêncio Varrão (Marcus Terentius Varro) nasceu em Reate (agora Rieti), cidade situada região do Lácio, em 116 a.C., e morreu em 27 a.C. Estudou em Roma e em Atenas. Por muito tempo participou de eventos políticos e militares, entre eles a Guerra Civil, em que ficou do lado de Pompeu. Júlio César, após ter perdoado Varrão pelos acontecimentos da Guerra Civil, demonstrou apreço pelo autor ao pedir-lhe que organizasse uma biblioteca que planejava construir em Roma (tal fato foi registrado por Suetônio, no De uita Caesarum, Diuus Iulius,