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A partir da década de 1990, com o reconhecimento legal da autonomia das escolas e da gestão democrática no país, vislumbrou-se a possibilidade de uma atuação mais incisiva dos professores nos processos decisórios e organizacionais. Tal atuação poderia contribuir para a emergência de um novo modelo de organização escolar - mais participativa, colaborativa, responsável e menos centralizadora – capaz de influir nas questões curriculares e na discussão e implantação de práticas pedagógicas diferenciadas. O desenvolvimento de práticas colaborativas na escola é reconhecidamente importante para a melhoria do processo ensino-aprendizagem e para o fortalecimento do trabalho docente. Por outro lado, são necessárias condições objetivas de trabalho para que práticas desta natureza se efetivem. Com a democratização do acesso à escola, com as alterações nas relações de trabalho nas organizações escolares via gestão democrática e com o reconhecimento da escola como destacado lócus de desenvolvimento profissional, abriu-se um campo de possibilidades para a realização de práticas pedagógicas coletivas. Porém, a partir da década de 1990, as escolas públicas paulistas, foco específico de análise deste artigo, vivenciaram a implantação de medidas reformistas que implicaram em complexas mudanças na organização da escola e da sala de aula. Apesar da retórica de defesa da autonomia docente, as reformas ampliaram o controle e a regulação sobre o trabalho docente. A aplicação de projetos pedagógicos formatados de cima para baixo, a introdução de materiais didáticos apostilados, mesmo que de origem pública, a sobrecarga de tarefas e a precarização do trabalho docente, fragilizaram as práticas coletivas e ativas na escola, reduzindo a participação dos sujeitos escolares na definição dos currículos e metodologias, condições estas essenciais para qualquer projeto participativo. Desta forma, os