Nacionalismo e limpezas étnicas (focado no continente europeu)
Poucas áreas foram objeto de tanto interesse e cobertura do jornalismo político na década passada quanto a península balcânica. Ela não tinha, é verdade, tropas americanas em ação durante a maior parte dos conflitos.
Em função das guerras na ex-Iugoslávia, com atrocidades a destoarem do quadro otimista da "vitória" ocidental na Guerra Fria, verificou-se, no final do Século XX, verdadeira corrida de repórteres para cobrir as tragédias regionais. Correspondentes dos grandes veículos de comunicação de massa e free-lancers de todo tipo, com base em testemunhos tópicos e algumas noções históricas decoradas no caminho, depois produziam obras de análise a mostrarem que os Bálcãs seriam determinadamente fadados à violência e ao horror das "limpezas étnicas". Como eles vieram também intelectuais apaixonados, que se supunham capazes de mobilizar consciências contra aquilo que parecia constituir repetição isolada do fenômeno nazista, com campos de concentração pavorosos, em pleno território europeu. Por intermédio de todos ficamos cientes de brutalidades incríveis, praticadas na mesma época em que a democracia liberal "de mercado" se afirmava no planeta inteiro, dando razão aparente à visão de Fukuyama de um "fim da História" triunfal, e os direitos humanos irrompiam no cenário internacional com vigor estimulante. Vieram também, em seguida, políticos que procuravam compensar com visitas sua inação diante de sevícias e massacres abundantemente conhecidos, assim como agentes de organizações humanitárias a oferecerem valiosos paliativos. Vieram ainda, com mandatos mal-cosidos, as forças de paz da ONU, praticamente inermes e sem função definida. Todos ou praticamente todos, jornalistas e políticos, intelectuais "salvadores" e testemunhas humanitárias, tinham e ainda têm na cabeça a explicação "imperial" ou imperialista de que os ódios balcânicos são sui generis, essenciais e primitivos, sobre os quais nada se pode fazer. Ou de que as