Na companhia de Foucault
Pag. Resumo: FISCHER, Rosa Maria Bueno. Educação e Realidade. In: Na companhia de Foucault: Multiplicar Acontecimentos. 2004. P. 215 – 227.
215 Discuto no artigo alguns tópicos dos ditos e escritos de Foucault, identificados como rica herança para o cotidiano de uma pesquisadora em educação.
216 Escolho alguns tópicos dos ditos e escritos de Foucault, para dizer de que modo esse pensador me faz sempre diferente do que sou, de que modo seus trabalhos me sugerem outras formas de inventar aulas, pesquisas, de imaginar objetos de estudo, produzir indagações, sombras, vertigens, duvidar do que está dado ou assentado, na educação e nos tantos campos de saber pelos quais transitamos.
O objetivo é trazer para o âmbito cotidiano da educação o que Foucault – na esteira de Nietzsche, vale dizer – nos sugere não só como modo de estudar, mas principalmente como modo de cada um inventar e experimentar a si mesmo, na singularidade das próprias travessias.
217 Nem o espírito de época, nem as influências: antes, a descrição das transformações
217 Temos aprendido (e ensinado) a pensar qualquer coisa, da história da literatura à formulação de um teorema matemático, da trajetória de um pintor à história de uma grande guerra mundial, sempre e eternamente a partir do esquema infalível da causalidade linear, das influências de certos fatos ocorridos neste lugar, naquela época, do espírito de uma época, da proeminência de certo ator ou autor, e assim por diante.
Parecem cristalizar modos de aprender e ensinar, modos de ter acesso a determinada informação, Se pudermos identificar meia dúzia de causas, de elementos contextuais, de grandes feitos e grandes obras; se conseguirmos reunir cinco ou dez fatos explicativos se chegar a esquematizar e reduzir o pensamento de um autor ou as regras de acentuação das paroxítonas na Língua Portuguesa.
218 . Esse deslocamento se faz a partir da criação de uma