Museu do cerrado
As queimadas e a expansão indiscriminada das monoculturas e da pecuária extensiva afetam de forma dramática o segundo maior ecossistema do Brasil e da América Latina. O Cerrado equivale a 20% do território nacional, perdendo em extensão (2 milhões de km2) apenas para a Amazônia. A aparente pobreza de seu aspecto semidesértico engana: a região abriga verdadeiros tesouros ecológicos e culturais, que se perdem na uniformização da modernidade e nas agressões ao meio ambiente.
Versão brasileira das savanas africanas, o Cerrado concentra metade de todas as espécies de aves do país, dez mil espécies de árvores, 195 de mamíferos e 780 de peixes. Animais ameaçados de extinção - como o tamanduá-bandeira, o veado-campeiro, o cachorro-do-mato, o lobo-guará e a água cinzenta - encontram-se apenas no Cerrado. Quem viaja ao interior de Goiás pode testemunhar as revoadas de papagaios, periquitos e tucanos que não existem em nenhum outro lugar do planeta. Emas (as maiores aves brasileiras), siriemas, tatus-canastra, pacas, onças pintadas e cobras sucuris também habitam os espaços de árvores irregulares e matas semidensas, grandes chapadas que proporcionam quedas d'água monumentais, e o amplo horizonte que só existe sob o céu do Planalto Central.
Outro elemento natural característico do cenário cerrado são os cupinzeiros, moradas dos cupins feitas de barro que chegam a um metro de altura e se veem às centenas nas áreas mais descampadas. Nas noites de certas