Muralismo e identidade mexicana
A Revolução Mexicana, iniciada em 1910 contra o regime de Porfírio Díaz, deixou o país praticamente estagnado por toda a década de 10 devido a intensos conflitos armados e a instabilidade política existente. Somente no fim da década com a promulgação da Constituição de 1917 que atendia a certas demandas da população e com a supressão de lideranças divergentes dos constitucionalistas é que o país começaria a ser pacificado após a intensa guerra civil. Com a ascensão à presidência do líder revolucionário Álvaro Obregón em 1920 inicia-se a tentativa de reestruturação política e de desenvolvimento econômico e social do México, o período de institucionalização da Revolução.
O triunfo da Revolução Mexicana e a conseqüente mudança no poder com a instauração de uma nova política revolucionária, que vinha em oposição ao velho regime de Porfírio, trazem também a necessidade de transformação da identidade nacional com a instituição de uma cultura que estivesse alinhada com os ideais revolucionários populares da Revolução, nesse sentido ocorre um processo de nacionalização da cultura1. O debate a respeito da questão indigenista existente em vários países da América Latina na década de 20, juntamente com as comemorações do centenário da independência foram importantes para a revisão da identidade cultural mexicana e uma reflexão a respeito de suas origens.2
O papel do Estado foi essencial na transformação dessa identidade cultural mexicana, já no governo de Obregón o Estado passa a atuar como mecenas cultural. Com a figura de Vasconcelos a frente da Secretaria de Educação Pública (SEP) foi iniciado um projeto de incentivo à educação, à cultura e às artes. Tal projeto propunha a alfabetização das massas, a construção de escolas e bibliotecas, a impressão de livros e também o estímulo às artes, a realização de “um ensino ao mesmo tempo unificador e nacional”, no qual ocorreria a redenção e a regeneração da maioria da população mexicana