Mulher x Trabalho
Antes dela, a única mulher a ocupar uma vaga no Senado no Brasil foi a Princesa Isabel (1846-1921) - que tinha direito a uma vaga por direito dinástico durante o Império.
Michiles começou a carreira política como deputada estadual pela Arena (partido de apoio ao regime militar da época), em 1974, e depois candidatou-se a senadora. Assumiu o cargo como suplente de João Bosco de Lima, morto no início de seu mandato.
Ela conta à BBC Brasil que foi "bem tratada" na casa, mas porque era uma dama. "Não havia aquele sentimento de que eu era uma colega", diz.
BBC Brasil - Como era seu dia a dia de política? Dava para ter voz ativa num ambiente tão dominado por homens?
Eunice Michiles - Realmente era muito difícil. A mulher bem colocada era a casada, não podia se expressar muito. Não era considerado de bom tom que a mulher falasse alto, aparecesse muito. E na política precisa aparecer, ir ao palanque.
Na época (minha entrada no Senado) foi uma "pequena revolução", porque era um local só de homens. Imagine, não tinha nem banheiro feminino. Mas consegui de alguma forma dar o recado.
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Conheça algumas mulheres que mudaram o mundo 17 fotos
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Isabel Peron foi a primeira mulher a ocupar a presidência de um país na América Latina, a Argentina. Nascida María Estela Martínez de Perón, ficou conhecida por seu pseudônimo artístico: Isabel. Ela nasceu em La Rioja, em 4 de fevereiro de 1931, filha de María Josefa Cartas e Carmelo Martínez, funcionário do Banco Hipotecário Files/Reuters/Stringer
BBC Brasil- A senhora se sentia levada a sério?
Eunice Michiles- Quando eu entrei no Senado, fui "muito bem recebida", com flores, poesias - muita badalação. Mas percebi o seguinte: (para os congressistas) eu não era uma colega que estava chegando. Era uma senhora, uma dama.
Era aquela história do