Muito além da performance
por Nadam Guerra. Publicado no catálogo V::E::R 2011:
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ARTE::VIVA / ARTE::ÚNICA
Quando penso em arte viva imagino a unificação de todas as artes e da vida. Imagino uma arte única [1] sem discriminação de tempo, espaço, credo, matéria, cor, sexo ou ritmo.
Vida quando é boa é arte.
Entendo a arte (arte única, arte viva ou apenas arte) como uma presença especial ou uma atenção mais intensa a algum aspecto da realidade seja ele qual for. Arte é quando colocamos nossa vida para fora de nós mesmos, quando compartilhamos nosso impulso vital pelo mundo. Pode ser fazendo um quadro. Uma música. Pode ser fazendo uma caminhada. Pode ser fazendo um bolo ou coletando imagens em uma câmera fotográfica. Tudo que é feito com vida é arte.
Arte quando é boa é vida.
Então falávamos do V::E::R. Que seria um encontro de arte viva.
Em 2005 fizemos a primeira edição na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Foram dois finais de semana, participaram cerca de 40 artistas ligados às artes do corpo e da performance além de 30 vídeos nacionais e internacionais [2]. Um público de mais de 1000 pessoas e todo o evento patrocinado pelos próprios artistas. Chamava-se “V::E::R – Live Art, Encontro do Rio.” O saudoso Reinaldo Roils, diretor da escola na época é que nos explicou “ Arte Viva não existe. O que existe é Live Art”. Tudo bem. Ficamos com live art no título do evento em homenagem ao movimento inglês do qual bebemos muito, é verdade.
Mas queríamos mais. Não queríamos inventar uma nova categoria muitos menos nos enquadrar em uma que já existisse. Queríamos algo além da performance. Algo além da live art. Algo além da arte!
Algum tempo antes eu escrevi um poema:
Sonho com um mundo sem arte
Arte é vida concentrada
pessoas vão aos poemas
pegar emprestada vida de mentira
para as suas tão aguadas.
Um dia, haverá mais poesia
nas pessoas que nos