Moçâmedes: dos Primeiros Contactos dos portugueses (1485) até à sua Elevaçao à Categoria de Vila (1855)
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INTRODUÇÃO
«Conhecer a História de Angola é conhecer a vida dos povos de Angola, as suas lutas pelo progresso, a sua luta contra o domínio estrangeiro».1
Não é fácil fazer a reconstituição da História de Angola porque a maioria dos testemunhos escritos e livros que abordam determinados factos ocorridos em Angola foram elaborados pelos colonialistas e, muitas vezes, apresentam deturpações feitas propositadamente. «Mas, utilizando alguns documentos e livros que existem e algumas narrações feitas pelo próprio povo, pode fazer-se uma ideia do que sucedeu em Angola, desde há séculos até hoje». 2
Antecedentes do tema e identificação do problema
Na obra intitulada «A Colonização do Sul de Angola: 1485-1974» o autor afirma que três séculos depois da descoberta do litoral de Moçâmedes, este se encontrava no mais completo abandono. A referência dos expedicionários de ter sido perdida a memória da passagem de portugueses por aquelas baías, fala por si (Padrão, 1998: 44, 45).
Esta afirmação fez surgir a ideia de se fazer uma pesquisa que permita esclarecer as razões que levaram Portugal a iniciar a colonização de
Moçâmedes apenas no século XIX, tendo em conta que o padrão do Cabo
Negro foi colocado por Diogo Cão em 1485; descrever como se processou a colonização da
baía
de
Moçâmedes
e
explicar
quais
foram
as
consequências deste facto histórico.
1
Centro de Estudos Angolanos, Grupo de Trabalho História e Etnologia - MPLA (1965).
História de Angola. Porto: Edições Afrontamento, pág. 5.
2
Ibidem, pág. 6.
2
Justificação da investigação
Durante a colonização, a História de Angola, tal como a História de outros países africanos, «não passava de mero apêndice, de acrescento, à história do país colonizador» (Ki – Zerbo, 1999: 9).
Na maior parte das obras de História de Angola elaboradas por autores portugueses, e não só, procura-se acentuar o papel “civilizador” da presença portuguesa no território.
Alcançada a independência, os Angolanos têm a