Montaigne
Aos 38 anos, Montaigne se retirou da vida pública e resolveu se dedicar aos estudos, à filosofia, às letras. Buscou então inspiração e tema a respeito do qual pudesse falar com propriedade. Chegou à conclusão de que não dominava tão bem nenhum assunto quanto o conhecimento que tinha sobre si próprio. No entanto, diferentemente daquilo que a maioria das pessoas fazem numa circunstância como essa, não estava disposto e propenso a falar apenas de suas conquistas, vitórias e realizações. Queria ir mais a fundo, entender o ser humano em toda a sua complexidade, indo de alto a baixo, observando tanto aquilo que é corriqueiro, cotidiano e enfadonho em nosso dia a dia quanto nossa relação com o corpo, as outras pessoas, o trabalho, o pensar. O livro aborda três tipos principais de inadequação.
Montaigne propõe que pelo autoconhecimento sejamos capazes de nos conhecer melhor, tanto no que se refere a nossas imperfeições quanto às qualidades que possuímos e destaca isso no livro da seguinte maneira.
Primeiro, a inadequação física, seu sentimento de desconforto com relação ao próprio corpo.
Depois, a inadequação experimentada quando somos julgados, ao termos nossos hábitos e costumes desaprovados.
E, por fim, a inadequação intelectual, o sentimento de que somos pouco compreensivos.
Devemos aceitar o corpo que temos com uma pitada de humor, tão naturalmente quanto os animais o fazem. É uma idéia simples. Uma idéia não precisa ser complexa para ser verdadeira.
Ter o cérebro desenvolvido não atrapalha só por nos levar a ter vergonha do próprio corpo, mas também porque nos leva a ser arrogantes, a achar que sabemos o que é certo e impor nossa visão aos outros.
Montaigne não nos igualava aos animais para nos diminuir, e sim para fazer com que