Modernismo e fernando pessoa
1. Lê, com atenção, o texto que se segue.
Modernismo
O início do século XX foi um momento de crise aguda, de dissolução de muitos valores. Os artistas reagiram ao ceticismo social, marcado por um laxismo1 próximo do "laissez-faire, laissez-passer"2 através da agressão cultural, pelo sarcasmo, pelo exercício gratuito das energias individuais, pela sondagem, a um tempo lúcida e inquieta, das regiões virgens e indefinidas do inconsciente, ou então pela entrega à s vertigem das sensações, à grandeza inumana das máquinas, das técnicas, da vida gregária nas cidades.
No início deste século, as minorias criadoras manifestaram-se por impulsos de rutura com as diversas ordens vigentes. As forças da aventura romperam as crostas das camadas conservadoras e tentaram redescobrir o mundo através da redescoberta da linguagem estética. Na área da poesia, recusam-se os temas poéticos já gastos, as estruturas vigentes da poética ultrapassada. A arte entra numa dimensão-outra: os objetos não estéticos e o dia a dia na sua dimensão multiforme entram na arte. Recusa-se o código linguístico convencional e, sob o signo da invenção, surgem novas linguagens literárias: desde a desarticulação deliberada até à densamente metafórica, quase inacessível ao entendimento comum.
É a toda esta recusa, desejo de rutura e redescoberta do mundo através da linguagem estética que se chama modernismo ou movimento modernista. No caso português, o modernismo pode ser considerado um movimento estético, em que a literatura surge associada às artes plásticas e por elas influenciada. Nomes como Fernando Pessoa (n. 1888), Sá-Carneiro (n. 1890) e Almada Negreiros (n. 1893) são marcos importantes desta época.
Foi em 1913, em Lisboa, que se constituiu o núcleo do grupo modernista. Pessoa e Sá-Carneiro haviam colaborado na Águia, órgão do Saudosismo; mas iam agora realizar-se em oposição a este, desejosos como estavam de imprimir ao ambiente literário português o tom europeu, audaz e requintado,