modelo platonico
A estrutura fundamental do modo de pensar filosófico foi expressa consideravelmente por Platão, ao manifestar a possibilidade da presença do inteligível no discurso humano como fundamento racional que permite desfazer as aporias do sensível e da simples opinião.
Deste modo, este processo de reordenação do mundo dos homens a partir de um estado de desordem e insensatez, consiste na reordenação do múltiplo ao Uno. Ou seja, a dialética da cultura é a instauração da justa medida ou da unidade de proporção na desordem do mundo dos homens.1 Com isso, a perspectiva da filosofia da cultura neste quesito platônico deve demonstrar a necessidade da filosofia como característica essencial do pensamento acerca da realidade, e a competência do filósofo para ir de encontro com as problemáticas circundantes da própria realidade.
Assim, no modelo platônico, a relação entre Filosofia e cultura é orientada pela necessidade de filosofar, dando-se em dois níveis. Primeiramente, está a necessidade histórica derivada da resposta para a crise vivida por Atenas nos fins dos séculos V a.C., e secundariamente, está a necessidade teórica, derivada da conaturalidade da alma com as ideais.2
A partir disso, Lima Vaz propõe uma análise das diversas obras de Platão donde se evidenciam a presença da necessidade da Filosofia e a caracterização do filósofo em relação aos grandes temas da cultura ateniense: a educação, o estado, a retórica e ciência.
1.1. Necessidade Histórica da Filosofia
No Górgias, Platão trata da distinção entre duas concepções antropológicas opostas: de um lado, o filósofo cuja vida é guiada pelo saber verdadeiro e pela medida, de outro, o Político como tendo sua vida submetida ao desejo e à desmedida.3
Na República, A imagem do Filósofo aparece como proposta de única salvação para o verdadeiro Estado. O governo do filósofo deve propor uma edificação de um Estado ideal, que possa proporcionar uma educação apta a preparar o filósofo para a