Moda

Criação do prêt-à-porter, história, contexto e crítica1
O surgimento do prêt-à-porter é uma questão polêmica do ponto de vista histórico, sendo geralmente atribuído à decisão pessoal de alguns criadores da Alta-costura, sem que seja feita a devida contextualização e investigação histórica necessárias. O presente artigo se propõe a elucidar esta questão. O presente estudo desenvolveu-se em meio aos trabalhos para fundamentação da tese de doutorado intitulada: “Aparência e poder”. Nesta estabeleceu-se como objetivo específico analisar e contextualizar o surgimento do prêt-à-porter, ponderando convenientemente sua importância diante das novas estratégias de poder instituídas nas sociedades contemporâneas no pós Segunda Guerra Mundial. A metodologia empregada nesse projeto parcial de pesquisa ateve-se à análise da situação histórica francesa no período investigado, especificamente, no tocante a sua estrutura econômica no setor da produção do luxo vestimentar e diante do seu projeto político de manter-se como capital mundial da moda. Como fonte histórica teve-se as maiores revistas semanais francesas especializadas no assunto, sobretudo, os volumes de janeiro de 1950 a dezembro de 1970 do Magazine Elle. A pesquisa desenvolveu-se in loco e permitiu a comparação dos editorias e matérias, publicadas semanalmente, na imprensa francesa com dados estatísticos e outros levantamento históricos, produzidos por pesquisadores franceses.

1. O Contexto
A alta-costura francesa, instituída em meio ao século XIX, cooperou para o fortalecimento e a expansão da indústria do luxo, sobre a qual a França detinha a hegemonia desde os primórdios da Idade Moderna. Considerada como fator econômico e de identidade nacional francesa dos mais relevantes, sempre conquistou as graças da imprensa nacional, como também as benesses do governo. Quando da Ocupação, ou seja, durante o período em que Paris e parte do norte francês foram ocupados pelas forças militares alemães, durante a Segunda Guerra