Moda
Sobre assédio moral, em grandes linhas, um conjunto de pequenas condutas de desqualificação de um profissional pelo seu superior hierárquico: Miranda Priestly (Meryl Streep) pode ser percebida como exemplo vívido desse tipo de patologia empresarial, em vários comportamentos: críticas ácidas, ainda que aparentemente polidas, sobre contribuições ao trabalho ou sobre o modo de vestir de subordinados; estabelecimento de tarefas difíceis, a realizar em prazos inexeqüíveis; desqualificação profissional das pessoas ao redor (todos são incompetentes), bem como exigências freqüentes e descabidas de extrapolação de funções e do horário de trabalho.
A editora-chefe é democrática em relação aos seus subordinados: pode-se dizer que todos estão sujeitos às suas idiossincrasias, o que, de certa forma, se contrapõe à conduta clássica de assediadores morais, que podem concentrar seu assédio sobre determinadas pessoas. Também é verdade que a editora se mostra humana em algumas cenas do filme, mas isso não altera seu modus operandi típico em relação às pessoas que coordena.
Sobre motivações, O diabo veste Prada também inspira perguntas: até que ponto o acesso a determinadas benesses materiais – e roupas de grifes de moda são apenas uma possibilidade – compensa o desgaste pessoal e a perda paulatina de auto-estima? Até que ponto é razoável investir expectativas e saúde em uma organização que opera baseada em