Mito
Os seres humanos sempre foram criadores de mitos, tudo isso sugere uma crença qualquer num mundo futuro similar àquele em que viviam, por sua vez, facilmente se desesperam, e desde a origem mais remota inventamos histórias que permitem situar nossas vidas num cenário mais amplo e nos dão a sensação de que a vida, apesar de todas as provas caóticas e arrasadoras em contrário, possui valor e significado.
Outra característica peculiar da mente humana é a capacidade de ter idéias e experiências que não podemos explicar racionalmente. A imaginação dos cientistas nos levou às viagens espaciais e a pousar na Lua, feitos que antes só eram possíveis no reino da mitologia. Tanto a mitologia quanto a ciência ampliam os horizontes do ser humano. Como veremos a mitologia, da mesma forma que a ciência e a tecnologia, nos leva a viver mais intensamente neste mundo, e não a nos afastarmos dele.
Muitos mitos não fazem sentido separados de uma representação litúrgica que lhes dá vida, a mitologia foi, portanto, criada para nos auxiliar a lidar com as dificuldades humanas mais problemáticas. Ela ajudou as pessoas a encontrarem seu lugar no mundo e sua verdadeira orientação, todos queremos saber de onde viemos, também queremos saber para onde vamos.
Desde o século XVIII desenvolvemos uma visão científica da história; estamos preocupados acima de tudo com o que realmente aconteceu. Mas no mundo pré-moderno, quando as pessoas escreviam sobre o passado, estavam mais preocupadas com seu significado.
A religião tem sido um dos meios mais tradicionais para alcançar o êxtase, mas, se as pessoas não o encontram mais nos templos, sinagogas, igrejas ou mosteiros, procuram-no em outro lugar: na arte, na música, na poesia, no rock, na dança, nas drogas, no sexo ou no esporte. A mitologia não é uma tentativa inicial de fazer história e não alega que seus relatos sejam fatos objetivos. Como um romance, uma ópera ou um balé, o mito é fictício; um jogo que transfigura nosso mundo