Mito
O mito surge a partir da necessidade de explicação sobre a origem e a forma de coisas para as quais não existe explicação comprovada cientificamente. Normalmente vem em forma de narrativa, criada por um narrador que possua credibilidade diante da sociedade, poder de liderança e um domínio da linguagem convincente, adequando a estrutura do mito de uma forma que tranquilize os animos e corresponda às necessidades de resposta da sociedade. É o narrador quem constrói o esquema do mito, porém ele só nasce e fica consolidado a partir do momento em que é aceite pela sociedade, ou seja, o mito só existe quando passa a fazer parte do senso-comum.
O mito possui duas funções principais:
1. Explicar – o presente é explicado por alguma ação que aconteceu no passado, cujos efeitos não foram apagados pelo tempo, como por exemplo, uma constelação existe porque, há muitos anos, crianças fugitivas e famintas morreram na floresta, mas uma deusa levou-as para o céu e transformou-as em estrelas.
2. Organizar – o mito organiza as relações sociais, de modo a legitimar e determinar um sistema complexo de permissões e proibições. O mito de Édipo existe em várias sociedades e tem a função de garantir a proibição do incesto, por exemplo. O “castigo” destinado a quem não obedece às regras funciona como “intimidação” e garante a manutenção do mito.
Passagem do mito à razão
A filosofia nasceu como uma forma de tentar entender de forma racional a ordem do mundo. O mito narra os acontecimentos de um passado longínquo e fabuloso, do qual não há registos escritos, a filosofia, por outro lado, procura explicar como as coisas são independentemente do tempo no qual elas decorrem. No mito os acontecimentos, são narrados como se estes se tivessem dado por uma relação entre as forças divinas, que eram personificadas, nas quais se acreditava na época, relações essas que poderiam dar-se por aliança ou rivalidade, a filosofia, por outro lado, busca uma causa natural das coisas a