Mississipe em chamas
O Filme Mississipi em Chamas aborda o tema da discriminação racial no sul dos Estados Unidos, narrando acontecimentos reais sob a ótica ficcional.
Não obstante o filme tratar da discriminação racial é importante salientar que o mesmo é feito sob a ótica do homem branco e que apesar do tema central do filme ser a violência contra a população negra, o mesmo dá destaque a ação do FBI, pondo dois agentes brancos, interpretados por Gene Hackman e Willem Dafoe, como heróis da história.
Se levarmos em consideração a conjectura de que um filme que trata da discriminação racial é uma importante ferramenta de denuncia ao racismo, surgem então algumas perguntas, tais como: por que os negros são expostos de forma secundária no decorrer do filme? Por que não há um ator negro entre os principais (protagonistas) do filme? Por que os agentes do FBI são expostos como heróis, se diversas autoridades e instituições do país, tais como: a polícia, as prefeituras, entre outras, foram coniventes com as agressões feitas pela Ku Klux Klan?
O filme destaca a violência imposta pela Ku Klux Klan à comunidade negra e, na fala da personagem Sra. Pell, interpretada por Frances McDormand, aponta que os partidários do grupo racista “justificam” a violência contra os “pretos” na religião, quando a mesma personagem diz que a segregação é ensinada aos jovens na escola e que esta está presente na Bíblia em Gênese 9, versículo 27. O discurso “cristão” é marcante no filme. O personagem Clayton Townley, interpretado por Stephen Tobolowsky, membro da Ku Klux Klan, demonstra ódio contra os judeus “pois rejeitaram Cristo”. As práticas de violência eram exercidas, também, contra turcos e orientais, sempre sob a justificativa religiosa e sob o discurso de proteção ao estilo de vida americano e anglo-saxão.
Quem assiste ao filme percebe uma espécie o “conformismo” da comunidade negra local com as agressões por parte dos membros da Ku Klux Klan. Este