Minha Direita
À minha esquerda, um verde-e-rosa vem dormir
À minha frente, ecoa um grito de gol
Atrás de mim, dorme a Floresta do Andaraí
Entre o Engenho Velho e o Novo ouço cantar
Um tangará nas ramas dos oitis do Boulevard
Aqui foi que os Drummond, os Rudge e os Maxwell
Vieram semear Vila Isabel, vieram semear Vila Isabel
Vila, lá vou eu
Camisa aberta, ventre livre, chinelo nos pés
Da Barão de São Francisco, tomo um chope no Petisco
Faço uma fé no Cem Réis
Vila, Vila, eu vou
Por entre as notas das calçadas musicais
Vou seguindo as partituras
De tão sábias criaturas
Que fizeram sambas imortais
Nossos laços são tecidos
Pela flor dos tempos idos
Nos antigos carnavais
Música Flor dos Tempos de Ruy Quaresma e Nei Lopes
Introdução
2 Morro, favela e comunidade são categorias nativas utilizadas para fazer referência ao local de mora (...)
1O presente artigo é fruto de etnografia realizada no Centro Comunitário do Morro dos Macacos, localizado no bairro de Vila Isabel (antiga Fazenda dos Macacos), na zona norte da cidade do Rio de Janeiro (Brasil), no período de agosto de 2002 a janeiro de 2005.2 A tese em que tem origem incidiu sobre as redes de relações existentes entre o morro e o bairro, tomando como mote o Centro Comunitário.
2Discuto, aqui, a história e a memória do morro e do bairro, explorando alguns eventos realizados nesses locais, como as comemorações de 130 anos do bairro e de 20 anos do Centro Comunitário do Morro, que ora criam e reforçam uma história e uma memória oficiais, ora ressaltam outras versões existentes e, por vezes, divergentes e até concorrentes entre si. Esses eventos interessam como expressões simbólicas dos indivíduos e grupos, pois permitem vislumbrar as redes de relações, reforçam pertencimentos e criam laços sociais entre as pessoas. Dessa forma, atuam na construção de identidades e representações sociais que orientam as práticas dos moradores dessas localidades, cujos aspectos são analisados nesse artigo.