Migração, Família e Campesinato (1990) – Klass Woortman

Texto 8.3: Migração, Família e Campesinato (1990) – Klass Woortman

A migração se estabelece como condição fundamental para a permanência do campesinato. A migração camponesa é conseqüência de suas próprias práticas de produção. O texto foi fundamentado em um trabalho de campo realizado em Sergipe e algumas pesquisas no Nordeste. A pesquisa se deu sobre os camponeses que possuem domínio de terras, os chamados sitiantes, que de dividem entre três modalidades de migração: a migração pré-matrimonial; a migração do chefe de família de tipo circular; emigração definitiva.
A MIGRAÇÃO PRÉ-MATRIMONIAL
Um sítio é ocupado por uma família e quando um filho pertencente a essa família atinge a idade para se casar a procura de um espaço próprio se torna necessário. Esse espaço pode ser selecionado através da compra de terras fora do sitio paterno. No período pré-matrimonial o filho migra temporariamente para adquirir recursos para constituir o casamento. Essa migração tem uma função simbólica de passagem do fraco para o forte e do rapaz para o homem, para se tornar homem é preciso enfrentar o mundo.
A migração se dá sempre voltada para uma região de riqueza (designada como “São Paulo”) e não para uma região de escassez (o que seria o “Norte”).
Uma questão importante observada em Sergipe é a relação familiar existente no período pré-matrimonial, onde o filho deve ter recursos para manter o casamento e o pai tenta de alguma forma proporcionar ao filho uma possibilidade de obter esses recursos. O problema é quando a função de um filho, futuro marido, não pode ser substituída por outro filho, surgindo assim o conflito entrepai e filho.
A MIGRAÇÃO DO PAI
A migração do pai ocorre após o casamento, sendo uma extensão da migração pré-matrimonial. Esse tipo de migração também é denominada cíclica e se caracterizada pela saída do homem, dito o chefe familiar, que tem a responsabilidade e o dever de batalhar para sustentar a família. A migração cíclica é caracterizada pela