desigualdade social
INTRODUÇÃO
A realidade brasileira vive um quadro de miséria e desigualdade social que não se restringe apenas à dimensão econômica, mas também à dialética inclusão/exclusão na sociedade, que, por sua vez, incorpora a dimensão política e a cultural.
A expressão “exclusão social” é marcada por uma diversidade de significados e denominações, entretanto, é importante ressaltar que é o debate em torno do fenômeno da desigualdade social que vem evoluindo ao longo do tempo. Observa-se que, até as décadas de
1950 e 1960, a idéia da “pobreza” vigorava, vinculada às questões de caráter econômico e às ações assistencialistas. Já nas décadas de 1960 e 1970, a idéia da “marginalidade” predominou, marcada pela compreensão mais focada nas questões políticas, nas quais as ações inerentes às lutas políticas e processos de conscientização eram fortes. No final da década de 1970, início da década de 1980 é que emergiu a categoria de “exclusão social” para aprofundar a compreensão da desigualdade social. (PAOLI; SADER, 1986; SARTI, 1996;
MARTINS, 1997)
Wanderley (1999) destaca alguns conceitos que compõem o universo da discussão teórica sobre a exclusão, como desqualificação e desinserção social, desenvolvidos por
Paugam (1991,1993) e Gaujelac e Leonetti (1994), que se contrapõem à integração social, embora possam ou não estar associados à pobreza; desafiliação, proposta por Robert Castel, que significa uma ruptura de pertencimento, de vínculo societal; e o conceito de apartação social cunhado por Buarque (1993), que consiste em denominar o outro como um ser “à parte”, o que denota alto grau de intolerância social.
Martins (1997) contrapõe o termo “exclusão” à expressão “inclusão de maneira subalterna”, instaurando um novo debate sobre a dialética exclusão/inclusão. O autor propõe
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que a exclusão seja entendida como uma categoria dinâmica, um jogo de forças, na qual a sociedade tenta excluir o indivíduo, mas este cria mecanismos para se incluir