Metalinguagem E Almod Var

A metalinguagem no cinema de Pedro Almodóvar

Introdução
Desde o início do cinema a metalinguagem vem sendo utilizada como meio de envolver o espectador na narrativa. Através de referências temáticas à produção ou ao ritual cinematográfico ou através da explicitação de sua linguagem, o cinema obriga o espectador a recorrer a seu inventário imagético de forma a obter dele uma participação maior na história apresentada.
Ao longo do tempo, novos diretores começaram a utilizar a metalinguagem não só como uma forma de homenagear a arte a qual se dedicam e seus expoentes mais queridos como também como uma forma de estabelecer uma forma própria de contar uma história através de um quebra cabeça de referências.
Considerado um dos maiores diretores espanhóis de todos os tempos, Pedro Almodóvar é também um cinéfilo, como ele mesmo descreve:
Nasci em um período ruim para a Espanha, muito bom para o cinema. Quero falar dos anos 1950. Tinha apenas alguns anos quando atravessei pela primeira vez a porta de um cinema de aldeia. Era parecido com aquele que se vê numa sequência de O espírito da colmeia, se não me falha a memória, se é mesmo um cinema que se vê no filme de Victor Erice. Com o passar do tempo percebi que a lembrança que guardo dos filmes que me marcaram não corresponde em geral ao filme original, mas ao que o fato de ver o filme provocou. Levara para esse cinema de aldeia, além de uma cadeira, uma caixa com brasas de carvão para combater o frio durante a projeção. Com os anos, o calor desse aquecedor improvisado se tornou o símbolo do que o cinema significava para mim na época. Quando tinha 11 anos, na Extremadura, havia um cinema na rua do meu colégio. Os padres tentavam formar meu espírito, moldando-o com uma tenacidade muito religiosa. Felizmente, um pouco acima, na mesma rua, bem encolhido na cadeira do cinema, eu me reconciliava com o mundo, com o meu mundo. Um mundo dominado por emoções perversas ao qual eu tinha certeza de pertencer1.

Considerando a