mestre em educação
INTERPRETATIVA1
Henrique Fernandes ANTUNES2
RESUMO
O presente trabalho tem o intuito de abordar questões epistemológicas e metodológicas sobre o estudo da memória. Em um primeiro momento, trata-se de uma reflexão sobre a memória enquanto um fenômeno social passível de estudo pelas ciências sociais. Partindo dessa perspectiva, será realizada uma discussão sobre a possibilidade de apreender o fenômeno em pauta a partir de uma abordagem interpretativa.
Palavras-chave: Memória. Fenômeno social. Abordagem interpretativa.
O intuito do presente trabalho consiste em averiguar a relevância da memória – entenda-se aqui o seu aspecto social – para as ciências sociais, considerando as implicações epistemológicas e metodológicas que envolvem seu estudo a partir de uma abordagem interpretativa. Em um primeiro momento, a memória diz respeito à questão do indivíduo, ou seja, ao próprio lócus da memória. Esse enfoque é evidente em Portelli, pois, ao definir a história oral como a ciência e a arte do indivíduo, pressupõe que a memória está intrinsecamente ligada à experiência pessoal – pelo menos no caráter fenomenológico –, ao sujeito que realiza o ato de rememorar.
A História Oral é uma ciência e arte do indivíduo. Embora diga respeito
– assim como a sociologia e a antropologia – a padrões culturais, estruturas sociais e processos históricos, visa aprofundá-los, em essência, por meio de conversas com pessoas sobre a experiência e a memória individuais e ainda por meio do impacto que estas tiveram na vida de cada uma. (PORTELLI, 1997, p. 15)
Contudo, o autor reconhece que apesar de a memória constituir-se enquanto um processo essencialmente individual remete ao mesmo tempo a aspectos sociais e padrões culturais. Em outros termos, a memória compreende dois níveis concomitantemente: um
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Artigo referente ao primeiro capítulo do Trabalho de Conclusão de Curso, Santo Daime e Memória: uma
abordagem