Merchandising
Marlise Meyer, discorrendo a respeito do estímulo externo sofrido pelastelenovelas, cita Gramsci, o qual define o gênero como “literatura mercantil”.
“A assim chamada literatura mercantil |...| é uma seção da literaturapopular-nacional: o caráter mercantil (comercial) nasce do fato de que oelemento interessante não é ingênuo, espontâneo, originado por umaconcepção artística, mas é procurado de fora, mecanicamente,industrialmente dosado, como elemento de um sucesso imediato.” (1996,p.412)
Apesar das críticas e do descontentamento manifestado por alguns quantoàs ações de merchandising comercial nas telenovelas, o fato é que elas estãocada dia mais presentes nas programações, suscitando debates os mais variados.Há quem afirme a subliminaridade da promoção, outros criticam a artificialidadedessas ações. A forma como são utilizadas e inseridas nas tramas serão tratadasneste estudo.3.2 OS PRIMEIROS
MERCHANDISINGS
NAS TELENOVELAS BRASILEIRASO ano de 1968, marcou uma fase em que a telenovela ganhou coresbrasileiras. BETO ROCKFELLER
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(Bráulio Pedroso, 1968, TV Tupi) introduziu ocotidiano da vida urbana nas tramas e, nesse cotidiano, figuras da realidade
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aproximavam-se dos espectadores que começavam a se familiarizar com asnarrativas. Palavras de cunho coloquial, gírias e expressões tipicamentebrasileiras, ganharam espaço na programação. Foi um momento de rompimento
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BETO ROCKEFELLER foi exibida de 04 de novembro de 1968 a 30 de novembro de 1969, na TV Tupi, às20 horas.
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Apesar de falar-se aqui em “figuras da realidade” precisa-se de cautela na interpretação, lembrando que nãoexiste uma realidade absoluta quando há interferência (necessária) para a descrição desta realidade. ParaMeyer, o real é “um real recriado a partir do concreto muito amplificado pela vigorosa imaginação de quem otranscreve.” (Meyer, 1996, p. 67)
32 com os antigos padrões, surgindo, pela primeira vez na televisão brasileira, afigura do merchandising 14
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