mensagem
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o Oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
ANALISE: Pessoa evoca a figura histórica de D. Dinis, monarca português da 1ª dinastia, filho de Afonso III. A sua prioridade enquanto rei foi administrar e organizar o Reino português e não guerrear, tendo assinado a paz com Castela em 1297. Foram-lhes atribuídos os cognomes “O Lavrador” e “O Trovador”, tanto pelo impulso que deu ao desenvolvimento da agricultura, como pelo apreço manifestado pelo culto da arte de fazer poesia e pela elevação do português como língua oficial.
Os dois primeiros versos do poema remetem, de imediato, para essa dupla faceta – D. Dinis “escreve um seu Cantar de Amigo” e é “plantador de naus a haver”, sendo estas construídas com o produto dos pinhais por ele mandados semear. D. Dinis representa, pois, aquele para quem a poesia terá, entre outros, como objetivo cantar o império português e aquele que lançará a semente de futuros impérios.
Nos restantes versos, destaca-se toa uma serie de vocábulos que exprimem sons, vozes, rumores, como se de uma profecia se tratasse (“marulho obscuro”; “fala dos pinhais”; “o rumor dos pinhais”). Todos eles profetizam a grande epopeia marítima portuguesa dos séculos XV e XVI.
D. Dinis é, então, o profeta que sabe intuir, de forma sibilina (enigmática), o grande império das descobertas. Assim, o que se preconiza é o sonho fundador que permita a construção de um tempo futuro.
RECURSOS ESTILISTICOS E POÉTICOS:
- Rimas: Cruzadas, Emparelhadas, Soltas.
- Estrofes: Quintilhas.
- Metáfora (“É o rumor dos pinhais que, como um trigo”)
- Anáfora (“É o som presente desse mar futuro; É a voz da terra ansiando