Memorial do Convento - Episódio
Integração do episódio na estrutura interna da obra O capítulo XXI inicia-se com a encomenda ao arquiteto Ludovice de D. João V para construir uma réplica da basílica de São Pedro de Roma. Porém, o arquiteto consegue fazer o rei desistir dessa ideia ridícula e sugere-lhe que construíssem um convento maior em Mafra, alargando-o de modo a lá caberem trezentos frades, em vez dos anteriores oitenta. O rei, com medo da morte, estabelece a data de sagração da obra para o dia 22 de Outubro de 1730, domingo, dia do seu quadragésimo primeiro aniversário. Assim, começaram a ser recrutados um grande número de trabalhadores para Mafra para acelerar a construção do convento.
Breve síntese do episódio
Após o rei ter dado ordens para aumentar o convento, foram recrutados homens de todas as idades para ajudar na construção, uns por vontade própria, mas a maior parte forçados. O trabalho é descrito como árduo, com condições desumanas, e nenhum homem se podia escapar, pois se o fizessem eram punidos violentamente. O povo reúne-se nas praças dos vários locais de onde foram recrutados os trabalhadores, que caminhavam atados para a sua desgraça. As mulheres e filhos desgostosos tentavam subornar os quadrilheiros, mas estes apenas se aproveitavam delas e insultavam-nas. Simultaneamente, o rei está sentado no seu trono, descontraído e indiferente à situação que ele próprio desencadeou. A caminho de Mafra, os trabalhadores viviam dias de grande sofrimento: passavam fome e frio, levantavam-se antes do sol nascer, “atados como escravos do Brasil”. Segue-se uma conversa entre Blimunda e Baltazar, terminando o capítulo com uma analogia entre os trabalhadores e os tijolos.
Exploração Vocabular
Deitava-se o pregão na praça – anúncio público feito em voz alta (ato de pregar)
Onde se escondiam os relapsos – algo que é reincidente em alguma coisa (erro, crime)
Alqueive necessário – terra que se lavra e se deixa em