Memorial do convento - capitulo x
Capítulo X
* Visita de Baltasar à família, com apresentação de Blimunda e explicação da perda da mão. * Vivência conjunta e harmoniosa na família de Baltasar. * Venda das terras do pai de Baltasar, por causa da construção do convento. * Trabalho procurado por Baltasar. * Comparação entre a morte e o funeral do filho de dois anos da irmã de Baltasar e a morte do infante D. Pedro. * Nova gravidez da rainha, desta vez do futuro rei. * Comparação dos encontros de Baltasar com Blimunda e do rei com a rainha. * A frequência dos desmaios do rei e a preocupação da rainha. * O desejo de D. Francisco, irmão do rei, casar com a rainha, à morte deste.
O capítulo X consagra, num paralelismo narrativo entre poderosos e populares, especial atenção ao binómio vida / morte. Na linguagem profética que o caracteriza, o narrador anuncia a morte de duas crianças, uma rica, outra pobre, em sinal de grandes escrúpulos de equilíbrios sociais.
Após desconstrução satírica das desumanidades do protocolo, segue-se, na descrição do cortejo fúnebre, a alusão à rainha, a propósito do seu camareiro-mor, através da instauração da dúvida aos seus instintos maternais.
Um ano após a morte de D. Pedro, nasce o futuro rei. Regressa a sátira à rainha, precisamente pelo flanco oposto à questão levantada. Já que a rainha é boa mãe, então é esse o seu defeito, isto é, não ser mais do que uma devota parideira que veio ao mundo só para isso. Só que no confronto entre a fertilidade biológica e a fertilidade religiosa, a diferença é abissal.
As frases parentéticas ou intercaladas acentuam o tom humorístico da paródia religiosa. O clímax da paródia evidencia-se a propósito da sua não visita ao Convento de Odivelas.
A oração da rainha é justificada pela doença do marido. A oração continua durante a convalescença do rei em Azeitão. Agora, porém, o ressentimento da rainha com o marido, por este não lhe ter confiado a regência do reino,