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Às vésperas de cortarem o laço que marcará o início das operações da usina de Santo Antônio, com o funcionamento da primeira turbina, os vizinhos das hidrelétricas do rio Madeira se perguntam: há vida após a morte em Porto Velho? O pico das obras civis, que chegaram a envolver mais de 40 mil trabalhadores, levando em conta os canteiros de Jirau, ficou para trás. Até 2016, uma desmobilização gradual do contingente empregado nos dois empreendimentos ganhará corpo, gerando efeitos ainda incertos no futuro da economia local.
A reportagem é de Daniel Rittner e publicada pelo jornal Valor, 21-12-2011.
"É provável que haja alguma desaceleração", disse o governador de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB). Nos dez primeiros meses deste ano, o recolhimento de ICMS - termômetro do nível de atividade - subiu 33%, liderando o crescimento da arrecadação no país. "Se a nossa economia se ajustar à média de expansão dos demais Estados da região Norte, já será muito bom."
O tamanho da desaceleração, a partir de agora, é um assunto que intriga os moradores de Porto Velho. "A nossa economia ainda não está preparada para a desmobilização dos canteiros", afirma Pedro Costa Beber, secretário municipal de Programas Especiais.
Novas obras de infraestrutura, como as eclusas, que prometem facilitar a navegação pelo rio Madeira, e um ramal de 550 quilômetros do gasoduto Urucu-Manaus, para atrair indústrias de setores como plástico e cerâmica, são frequentemente apontadas como as maiores prioridades do período pós-usinas. Só que ainda não há perspectiva, conforme o planejamento do governo federal, de saírem do papel nos próximos anos. O gasoduto sequer faz parte dos planos do Ministério de Minas e Energia.
Sinais de desaquecimento já são observados, por exemplo, no mercado imobiliário. Nos últimos cinco anos, grandes construtoras, como Gafisa, Direcional e Bairro Novo, desembarcaram em Porto Velho. Um condomínio de