Meio ambiente
Projeto que quer mandar pessoas em uma viagem sem volta para o planeta vermelho faz "vaquinha" para arrecadar dinheiro; brasileira passa para a segunda etapa da seleção
IONE DIAS DE AGUIAR RENATA MELLEU COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Faltavam poucas horas para o fim de 2013 quando a engenheira Priscila Hamad, 28, de Joinville (SC), soube que estava entre os aprovados de um processo seletivo incomum: a escolha de voluntários para uma viagem só de ida para Marte.
Ela foi uma das cerca de 200 mil pessoas que se inscreveram no Mars One, um
"programa de colonização" do planeta vermelho.
Os inscritos pagaram uma taxa que variava de país para país --no Brasil, o valor foi de cerca de R$ 30 (US$ 13).
A fundação privada Mars One quer estabelecer o primeiro acampamento de humanos em Marte em 2025.
A ideia é de dois holandeses --um engenheiro e um físico que passou pela ESA
(Agência Espacial Europeia).
Para conseguir o dinheiro de que precisam --cerca de US$ 6 bilhões--, a dupla está fazendo um financiamento coletivo on-line. Eles já conseguiram cerca de US$ 500 mil. Também planejam um "reality show" no planeta.
SELEÇÃO
Os candidatos tiveram de enviar vídeos para uma espécie de rede social, dizendo por que queriam protagonizar a empreitada.
"Disse que acredito que a humanidade pode evoluir para algo melhor", diz Hamad.
Ela está entre os 1.058 aprovados para a segunda etapa --são quatro fases no total.
O namorado dela ficou para trás. Sobre isso, Priscila não desanima. "Cabe àquele que não passar para a segunda etapa arranjar um jeito de ir depois", brinca.
Ao todo, serão escolhidas 24 pessoas em todo o mundo que embarcarão em 2024 e chegarão lá no ano seguinte.
"Marte é o único planeta que podemos ousar habitar com o conhecimento científico que temos hoje", diz Thais Russomano, coordenadora do centro de pesquisa em microgravidade da PUC-RS e única brasileira entre os 26 consultores do projeto.
"Mas há desafios", afirma.
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