Meditações
MEDITAÇÕES
Na obra Meditações, Descartes põe em dúvida todas as opiniões que até então havia dado crédito. Na Primeira Meditação ele explica, a partir do princípio da dúvida hiperbólica – sistemática e generalizada –, que os princípios que ele tinha dado com certos não podiam ser senão muito duvidosos e, então, ia se desfazer dessas ideias e começar tudo novamente desde os fundamentos, para que pudesse estabelecer algo firme e constante nas ciências. Para isso, diz não ser necessário provar que todas as suas antigas opiniões sejam falsas, o menor motivo de dúvida que encontrasse nelas bastaria para que rejeitasse todas. Assim, dedica-se aos princípios sobre os quais essas opiniões estavam apoiadas. Utilizando-se de argumentos que estendem e radicalizam a dúvida, diz que tudo isso que recebeu como verdadeiro e seguro até o dado momento foi percebido por meio dos sentidos, porém experimentou que muitas vezes esses sentidos eram enganosos e que não era prudente dar a eles uma confiança total. Mas, mesmo nos enganando às vezes, existem outras coisas que não se pode razoavelmente duvidar, mesmo que sejam conhecidas por meio deles. O argumento do erro do sentido se faz, então, “insuficiente para nos fazer duvidar sistematicamente de nossas percepções sensíveis”. No argumento do sonho a dúvida se estende a todo conhecimento sensível, seu conteúdo, e passa a considerar a ideia de que poderia estar vivendo em um sonho. Porém, as coisas representadas nos sonhos não podem ser formadas a não ser em semelhança ao real, e assim, pelo menos essas coisas gerais como corpo, mãos, olhos e resto do corpo, não são coisas imaginárias, mas verdadeiras e existentes. Ainda que a imaginação seja extraordinária a ponto de criar outras composições, ou mesmo que essas coisas gerais sejam imaginárias, outras mais simples e mais universais são verdadeiras e existentes. Desse gênero é a natureza corpórea em geral, e sua extensão, como também a figura