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Maria
Regina José Vendedor Jesus Cristo ÉPOCA: Presente LUGAR DA CENA: Rio de Janeiro
PRIMEIRO ATO CENA I Maria: Bom dia Dona Helena Helena: Bom dia Maria Maria: A senhora e o Doutor Flavio vão perder a hora. Já passa das oito...
Flavio: (entrando)Hoje não temos hora para perder, estamos em greve, Maria. Maria: E eu? Trabalho hoje também?
Flavio: Maria, você tem o privilegio de trabalhar numa casa de grevistas.
Maria: Mas não é uma coincidência, doutor? Ter greve de professores e de médicos ao mesmo tempo? Quer dizer, a senhora ao vai pra escola nem o senhor vai pro hospital. Não é uma sorte?
Flavio: Abertura, Maria, Abertura
Maria: É doutor...O senhor sabe a Sebastiana, empregada do 501? Ta reunindo as empregadas do prédio e parece que agente também vai entrar nessa greve...
Helena: Vocês também vão fazer greve? Maria: Bem, quer dizer...
Helena: Mas isso é um absurdo
Flavio: Essa abertura
Maria: Foi o que a Sebastiana falou, sabe. A Abridura pra ser Abridura mesmo tem que ser pra todo mundo
Helena: Não é abridura, Maria. É abertura
Maria: Pois é, se tem abridura pros médicos que cuidam dos doentes e pras professora que ensinam pras crianças e elas podem deixar de trabalhar, então a gente também pode
Flavio: Mas o contexto social é outro, Maria...
Maria: Sei não doutor, com texto ou sem texto o que a Sebastiana disse é que agente pode conseguir melhores ordenados e melhores condições de trabalho
Flavio: Essa Sebastiana é uma subversiva. Isso é o que ela é!
Maria: (tirando a mesa e saindo) É a abridura, doutor! É a abridura!
Flavio: (resmungando) Abridura, abridura...(voltando-se para Helena) Você vê a que ponto chegamos. Daqui a pouco você vai ter de cozinhar e lavar pratos!
Helena: Eu não sei onde é que vamos parar!
Flavio: Sabe de uma coisa? Não vamos esquentar a cabeça. Vamos é curtir a nossa grevinha...(abraça Helena com um sorriso