Mau com L Mau com U
"É difícil sair atirando na hora da fúria - e não é de todo mal que se atire, mesmo com a chance de errar o alvo."
O emprego das formas homônimas "mal" e "mau", vez ou outra, ainda é objeto de confusão. Não é demasiado lembrar que "mal", com "l" é o substantivo, portanto sinônimo de "maldade", ou o advérbio, portanto antônimo de "bem", e que "mau", com "u" é o adjetivo, portanto antônimo de "bom".
Na dúvida, recomenda-se a permuta pelo termo de sentido oposto: um mau professor é o oposto de um bom professor, o mau funcionamento de um aparelho opõe-se ao seu bom funcionamento, a educação no Brasil vai bem ou vai mal, um aluno escreve bem, outro escreve mal etc.
Como substantivo, é geralmente a forma "mal" que aparece ("O bem e o mal são duas faces da mesma moeda", "Quase todo mal tem seu efeito reverso"), mas é possível que o adjetivo "mau" seja substantivado - exatamente como ocorre com o adjetivo "bom". Assim: "Os bons e os maus sempre se encontram".
Na construção do segundo fragmento, ocorreu uma expressão e valor adjetivo: atirar, mesmo com a chance de errar o alvo, não é [de todo] mau - ou não é bom. Em suma, é bom ou mau empreender determinada ação.
Outra construção que oferece dúvida é a sequência "menos mau" - ou seria "menos mal"? Continua valendo o raciocínio anterior: se se tratar de adjetivo, "menos mau"; se se tratar de advérbio, "menos mal". Assim: "Fazer um bom acordo é menos mau que levar a contenda até o fim"; "Desta vez, argumentou menos mal que das outras".
Abaixo, os fragmentos corrigidos:
Um mau professor não pode ser beneficiado pelo trabalho do restante.
É difícil sair atirando na hora da fúria - e não é de todo mau que se atire, mesmo com a chance de errar o alvo.