Matrizes étnicas do povo brasileiro
Esse choque entre os estrangeiros e os povos que aqui habitavam se mostrou em vários níveis, um deles foi a guerra bacteriológica: o branco trazia no seu corpo pestes que eram mortais às populações indenes; no aspecto ecológico: pela disputa do território de matas e riquezas para outros usos; no econômico e social, pela escravidão do índio e pela mercantilização das relações de produção.
Observando o plano étnico-cultural, essa transfiguração criou uma etnia nova, que foi de certa forma unificando, na língua e nos costumes, os índios, os negros trazidos da África, e os europeus aqui querenciados. Assim, surgia o brasileiro, construído de forma paulatina com os tijolos dessas matrizes na medida em que elas iam sendo desfeitas.
Darcy Ribeiro reconstituir esse processo, tentando entender toda a sua complexidade. Mas, essa reconstituição se mostra quase impossível, porque o autor reconhece que só temos o testemunho de um dos protagonistas, o invasor. É ele que se vangloria de suas façanhas. A documentação copiosíssima conta a versão parcial do dominador.
O autor mostra dois aspectos das matrizes étnicas: a matriz Tupi e a Lusitanidade. Os povos Tupi domesticaram diversas plantas, retirando-as da condição selvagem para a de mantimento de seus roçados. Os povos Tupi lutaram contra o invasor europeu, quando venciam eles tomavam prisioneiros para cerimoniais de antropofagia, e quando perdiam fugiam para dá força a novos ataques. A antropofagia era um atraso relativo dos povos Tupi. Eles comiam seus prisioneiros porque um cativo rendia pouco mais que consumia, já que não havia incentivo em mantê-lo vivo, eles o comiam.
No outro pólo a Lusitanidade se mostrava sobre a égide da dominação da